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Pedaços do mundo e grãos de areia
O ministro das finanças grego, Yanis Varoufakis, tem boa imprensa na América e convenceu muitos repórteres de que negoceia na zona euro usando a teoria dos jogos. O conflito possui alto risco e os credores temem o seu estilo de ameaçador radicalismo, o que lhe permite obter vantagens na negociação. A aplicação de uma teoria económica não testada a um caso que envolve 450 milhões de pessoas seria inaceitável em qualquer circunstância, mas jornais respeitáveis levaram a sério a hipótese. Varoufakis convenceu-os de que é sua a vantagem, embora com o pressuposto provavelmente errado de que os credores encaram com horror a eventual saída da Grécia da zona euro.
Embora esteja isolada, Atenas tenta extrair concessões totais, mas os seus interlocutores não estão dispostos a ir além de um mínimo de cedências. Como é que nestas circunstâncias seria possível começar a negociar um terceiro resgate à Grécia? Ou seja, não há aqui nenhuma teoria de jogos, mas apenas o jogo da culpa nos minutos finais. O colapso da negociação é antecipado pelos dois lados, com a diferença de que a um país rico como a Grécia, a opinião pública americana está disposta a tolerar o que jamais aceitaria a um país devedor como Paraguai ou Bolívia.