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Teatro político

por Luís Naves, em 18.08.25

A opinião pública europeia foi enganada durante três anos e meio sobre as causas da guerra da Ucrânia e a situação no campo de batalha. Perante a impossibilidade de sanções secundárias contra a Rússia, pressionado pela sua base eleitoral, a quem prometeu acabar depressa com o conflito (mas também pela escassez de munições), Donald Trump mudou subitamente a estratégia americana e decidiu fazer um acordo com Moscovo. Os países europeus estão em pânico, mas ajudaram a escavar o buraco onde agora se encontram presos. A Europa podia ter negociado com o Kremlin muito antes, mas insistiu em prolongar uma guerra que a Ucrânia não podia vencer. Zelensky é uma figura trágica, não tem cartas na mão, será responsabilizado pela maior calamidade sofrida pelo povo ucraniano nos últimos setenta anos; terá de aceitar a neutralidade, perdas territoriais e garantias frágeis. A alternativa a um mau acordo é a saída dos EUA do conflito, inaceitável para todos. Os europeus sabem que não podem continuar sem os americanos e terão de aceitar um entendimento com a Rússia. A realidade tem este péssimo hábito de destruir as melhores ilusões: a guerra acaba, a Rússia sai vencedora, a Ucrânia será um Estado-tampão e os líderes europeus terão de começar a explicar o que fizeram.

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publicado às 12:35



Autores

João Villalobos e Luís Naves