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Pedaços do mundo e grãos de areia
Com aspeto abatido e triste, o Papa Francisco usou a palavra "crueldade" para definir aquilo que se passa em Gaza e que neste Natal terá de ser escondido das pessoas decentes. Olhar para o presépio já aflige, não há esperança de tréguas ou de simples humanidade. Os reféns israelitas foram abandonados pelo seu próprio governo, que recusa negociar, para não perder a vitória, ou seja, o esmagamento de dois milhões, isto sem apelo, de gente que não tem para onde ir e que não poderá viver em segurança no inferno em que se transformou a sua terra. Pelo menos 45 mil mortos, metade mulheres e crianças, milhares de feridos e estropiados, milhares de cadáveres debaixo dos escombros, ajuda humanitária a entrar em quantidades insuficientes, a guerra sem travão, Israel a transformar-se num pequeno império regional. O Papa estava zangado, mas haverá cristãos a discordar dele. Em Israel, também são minoritárias as críticas à violência: uma notícia citava soldados que não distinguiam os seus próprios crimes de guerra, pois sentiam-se como deuses quando combatiam em Gaza. Os hospitais que ainda não estão em ruínas são encerrados. É difícil pensar nisto e acreditar nas lindas expressões da Terra Santa e do Santo Natal.