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Regresso

por Luís Naves, em 08.06.23

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O regresso a esta publicação, passados cinco anos, devia ser acompanhado de uma explicação, mas não me lembro do motivo de ter parado de escrever, foi talvez inércia. Apenas sei que passaram cinco anos, que terminei um romance e o tentei publicar, que entretanto escrevi outro. A gaveta vai acumulando esses trabalhos inúteis. Também atravessámos uma pandemia que matou milhões de pessoas em todo o mundo e os confinamentos alteraram qualquer coisa de impreciso nas mentalidades. Muitas pessoas precisaram daquele trauma para reavaliarem as suas vidas, agora sabem que o tempo escorre demasiado depressa. Instalou-se na nova sociedade um clima de intolerância, triunfa a inteligência artificial, aumentaram as desigualdades, houve migrações em massa, tornou-se impossível dizer certas coisas e aceita-se com tranquilidade a denúncia dos comportamentos divergentes e da linguagem errada. O mundo mudou muito em cinco anos e ainda vai mudar mais, depois da guerra e da crise económica que nos ameaça. Estes não serão os novos anos 30, da grande depressão e dos totalitarismos, mas a mola do tempo estalou e recomeça a contagem para outra ordem mundial. As comparações que fazemos são sempre com 2019, o antes, o último ano de normalidade, por assim dizer, pois que tudo o resto é agora o afastamento em relação ao que existia, e que fica esquecido lá atrás. O rio selvagem da história acelerou nestes rápidos e leva-nos na corrente à solta. Só temos olhos para as surpresas que estão à nossa frente.

publicado às 15:30


1 comentário

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De Ricardo A a 10.06.2023 às 13:03

Outras depressões e outros tipos de totalitarismo estarão na calha. Sugiro o post o-totalitarismo-transfigurado- no meu blog novo mundo.

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Autores

João Villalobos e Luís Naves