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Preguiça

por Luís Naves, em 15.06.25

Dia de incrível preguiça. Não apetece escrever, não apetece pensar. Não há explicação: é como se entrasse em férias e tivesse necessidade de desligar das tarefas do trabalho e recarregar as baterias. Os seres humanos não são viaturas elétricas, não há nenhum dispositivo no cérebro que se possa desligar durante um tempo. Nunca gostei da preguiça, mas talvez seja verdade que precisamos de parar por vezes, para refazermos a perspetiva do mundo. Nem sequer consigo ler, cheio de sono, no calor extremo. Escrever todos os dias parece mais fácil do que é. O corpo entra em rebelião e a cabeça não obedece, parece que se esvazia a alma, à maneira de alguém que abre as veias. Se for para repensar tudo o que faço, talvez mereça a pena travar o movimento. Tenho demasiada preocupação com a produtividade, tantas palavras por dia, o que é sem dúvida uma tolice. Melhor é pensar em fazer apenas o possível e dentro das minhas limitações, pois a maior parte da literatura foi produzida por criaturas mortais como eu, que andavam meio perdidas e cheias de dúvidas, a pensar constantemente se valia a pena o esforço.

publicado às 09:41



Autores

João Villalobos e Luís Naves