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Pedaços do mundo e grãos de areia
Basta uma curta leitura de uma hora da imprensa nacional e encontram-se as mais incríveis tolices. À falta de assunto, os colunistas fazem raciocínios estranhíssimos e tentam demonstrar teses verdadeiramente bizarras. Antigamente, os jornais não tinham este excesso de opiniões fracas. Comunicavam o essencial das notícias e faziam o papel das televisões, em crónicas e reportagens escritas numa prosa visual, por vezes divertida, sempre descritiva, com abundância de pormenores, cores, sensações. Agora, temos a discussão enviesada, por tudo e por nada. Nas redes sociais, idem: toda a gente tem a opinião engatilhada (não serve para nada, mas a necessidade é universal). Não admira que as pessoas abandonem a leitura dos jornais, com a respetiva abundância de editoriais pomposos ao alcance de um Facebook mediano. As maravilhas tecnológicas prometiam um futuro brilhante para a comunicação: as pessoas pagavam pela qualidade e os algoritmos ajudavam a selecionar o melhor material, mas o lixo trivial está a travar este progresso possível. Temos nivelamento por baixo e dispersão dos leitores, sendo impossível financiar este modelo. Ninguém paga por banalidades.