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Novo ciclo

por Luís Naves, em 08.12.24

A vida deu mais uma volta, entro em novo ciclo, acaba a incerteza e recomeça a estabilidade. Vou gerir melhor o tempo que me resta e, enquanto a cabeça deixar, tentarei apenas escrever. Tenho planos para conto, romance, crónicas, mas nunca se sabe até onde irá a vontade de prosseguir. Este ano teve um resultado contraditório: o romance deixado a meio, outro publicado, revisões de textos antigos, a coleção de contos incompleta, estes dispersos, muita palavra para o arquivo do esquecimento. Não me cansa, irritam-me as interrupções quotidianas, os assuntos burocráticos, as distrações. Parece que a escrita tem de ser uma atividade talibã. Sou do artesanato, gosto da sujidade da oficina, ocupo o tempo a acumular estes objetos, sem me inquietar com a sua eventual leitura. Agora, que temos toneladas de informações à nossa volta, tornou-se demasiado complicado separar as futilidades daquilo que interessa. Também acontece aos predadores, que ficam paralisados a olhar a agitação do cardume e não sabem por onde começar. Vivemos na cultura da dispersão, da quantidade, da fragmentação. Escrever exige silêncio, reflexão, o apagamento do autor. Não é fácil conciliar tudo e o seu contrário.

publicado às 12:28



Autores

João Villalobos e Luís Naves