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Pedaços do mundo e grãos de areia
Ninguém pode ser otimista quando há uma guerra violenta às nossas portas e assistimos a cenas de barbárie no Médio Oriente (ali, está tudo a partir-se). Não é bom sinal ver sociedades perigosamente fragmentadas, exibindo divisões internas que não se viam há décadas ou as feridas de embriões de conflito civil. As tecnologias do futuro foram sempre olhadas com preocupação, mas esta época parece diferente, pois a inteligência artificial não é apenas audaciosa, mas sobretudo temerária. Pela primeira vez, a humanidade não controla completamente o desenvolvimento de uma tecnologia. O mundo contemporâneo tem outros sinais inquietantes, como a proliferação de estados falhados, a bolha de dívida, a degradação da educação, existe também aquilo a que podemos chamar a cultura vazia do espetáculo, que talvez não seja mais do que a febre elevada de uma civilização em decadência. Estamos a terminar um tempo e a começar outro, talvez os historiadores de amanhã possam compreender melhor estes processos, mas não me atrevo a dizer que venha aí um período de prosperidade e paz. Talvez até seja o nascimento perturbado de uma nova Era Dourada, mas por agora não tem aspeto disso.