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Pedaços do mundo e grãos de areia
Em meados do século passado, os intelectuais falavam na hipótese de ciclos de vida e morte dos grandes poderes, a rondar 250 anos. A ideia é controversa, mas atraente. A civilização europeia teve várias destas marés de crescimento e colapso, a última das quais começou no tempo da revolução francesa e da industrialização global, permitindo aos impérios europeus a supremacia planetária. Nesse caso, o ocidente estará a esgotar a sua validade (este ciclo terá 250 anos) e mostra sinais de decadência identificados nas velhas potências que se deixaram arruinar: pessimismo, materialismo, migrações em massa, frivolidade, religião em recuo, derrotas militares. As pessoas habituaram-se à riqueza, tornaram-se soberbas e preguiçosas, não sentem o perigo e evitam fazer mudanças que podiam salvar as suas sociedades. A Europa tem todas estas características e vive numa espécie de doença crónica, tal como se arrastam as personagens da Montanha Mágica, de Thomas Mann. Agora, subitamente, emerge uma ordem em que a Europa não será central, talvez numa daquelas alterações que ocorrem em cada 250 anos e que criam um mundo irreconhecível para quem viveu no sistema anterior. Incluirá tecnologias espantosas, máquinas inteligentes e convulsões sociais que mal podemos imaginar. É preciso pensar nisto.
imagem gerada por IA, Microsoft Image Creator