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Pedaços do mundo e grãos de areia
Os primeiros blogs apareceram há vinte anos, ainda toscos, mas democratizaram a escrita popular. Qualquer cidadão podia dizer em público aquilo que pensava, numa expansão extraordinária do conceito de cartas ao diretor que então ainda era comum nos jornais. No início foi engraçado, havia gente com ideias novas, vários autores tiveram êxito e migraram para a política e para a imprensa. Depois, os leitores preferiram outras plataformas e os blogs adaptaram-se a audiências mais pequenas. Hoje, servem de oficina e escrita de café, funcionam como diários e dispersos, podem basear-se em opiniões, memórias ou em farrapos de ficção. Estes espaços têm estilos muito diferentes e alguns dos melhores cumprem a função literária da resistência à passagem do tempo. Os blogs são coleções de crónicas sem preocupação com a atualidade, por isso o formato devia ser mais estimado pelos leitores. Sobrevivem inúmeros exemplos de qualidade. Não tenho dúvida de que se esta tecnologia existisse no passado, Fernando Pessoa, assinando Bernardo Soares, teria escrito um blog pouco lido na altura, chamado o Livro do Desassossego. Camilo podia ter criado outro com o título Noites de Insónia.
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