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Era isto ou a Grécia

por Luís Naves, em 17.05.15

Um dos argumentos mais repetidos pela oposição é de que a dívida pública atingia 93% do PIB em 2010 e agora está em 128% do produto. Ou seja, os sacrifícios feitos em nome do endividamento excessivo foram inúteis, pois só agravaram o problema.

Este argumento omite, de forma conveniente, que em 2011 Portugal não conseguia financiar-se nos mercados e estava submetido a um programa de resgate negociado pelos socialistas e que envolveu 78 mil milhões de euros. Embora o dinheiro não tenha sido todo gasto nos três anos seguintes, tratava-se de empréstimos que contavam para dívida pública, num valor equivalente a quase 50% do PIB. Não admira que a dívida tenha subido, pois foi preciso pagar compromissos que já existiam e os défices seguintes. Tendo agora excedente primário, Portugal já está a pagar a dívida e antecipou o desembolso de uma parte do próprio resgate. Havendo crescimento económico já significativo, a proporção em termos de produto começará a diminuir mais depressa.

No entanto, continua a repetir-se esta ideia de que os sacrifícios nunca foram necessários e que não estivemos em situação de pré-falência. Os críticos esquecem que em 2011 não havia dinheiro para pagar salários e pensões. Durante os três anos de programa de ajustamento, desmentindo a ideia da espiral recessiva e evitando o segundo resgate ou a tentação da renegociação da dívida, este governo cumpriu as condições impostas pelo memorando e conseguiu em 2014 uma saída limpa do programa, financiando-se sozinho nos mercados. Era isto ou a Grécia. 

 

publicado às 19:00


2 comentários

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De :P a 18.05.2015 às 10:22

Como não percebo nada de economia não posso avaliar da justiça do que diz mas sei que a austeridade, com PS/PSD/CDS começa pelos mais débeis. As classes médias altas começam logo com gritos lancinantes porque deixaram de poder ir 2 vezes por ano a NYC e têm de substituir esse destino por Londres. Motivo pelo qual se consideram vítimas injustiçadas e sofredoras da crise. Sendo os pobres, para vocês, uma subespécie da humanidade os seus sofrimentos são irrelevantes - é a ordem natural das coisas. Quem não vos conhecer que vos compre!
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De Luís Naves a 18.05.2015 às 10:50

Concordo com este comentário, só é pena que me atribua um pensamento que não tenho. A austeridade foi consequência dos desequilíbrios que o país tinha e do endividamento excessivo em que se deixou cair. Quem não perceber isto, não percebe o problema.

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Autores

João Villalobos e Luís Naves