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Eles mataram Charlie Hebdo

por Luís Naves, em 07.01.15

No atentado de hoje em Paris, onde foi chacinada a redacção do Charlie Hebdo, os terroristas atingiram o coração da ideia de liberdade e levaram o medo a todos os espíritos. As sociedades ocidentais não têm solução fácil para ataques como este: podem evitar futuros atentado se criarem Estados securitários, tal como já acontece nos aeroportos (ninguém aceitaria viajar de avião sem passar pelos complexos procedimentos de segurança); as comunidades islâmicas serão vigiadas mais de perto e, um dia, os imãs perderão a liberdade de radicalizar os crentes. Soa mal, mas para as sociedades ocidentais defenderem as liberdades, haverá redução da liberdade. Sem políticas de imigração mais restritivas, as comunidades islâmicas serão reforçadas, implicando cada vez menos tolerância em relação ao actual estilo de vida dos europeus.

O ataque não tem nada a ver com a crise, mas com religião e choque de culturas. Em muitos aspectos, os extremistas já ganharam. Eles gritavam "matámos Charlie Hebdo" e tinham razão: mataram a irreverência e a criatividade, impuseram o terror e aniquilaram o pensamento. Isto também não é exactamente sobre a liberdade de expressão, mas visa interditar um único tema, o comentário sobre o Islão. Dois dos caricaturistas tinham passado a idade da reforma e, mesmo sabendo que corriam perigo, continuavam a trabalhar no jornal. Há uma campanha a dizer "somos todos Charlie Hebdo", mas eu não sou. Nunca fui confrontado com a hipótese de morrer por algo que tivesse escrito e, portanto, não posso imaginar a dose de coragem necessária para prosseguir um combate assim, a olhar por cima do ombro, à espera do louco que vai disparar a bala assassina. 

publicado às 17:01


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Autores

João Villalobos e Luís Naves