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Na política portuguesa torna-se penoso o espectáculo diário de ex-dirigentes a fazerem afirmações que não resistem a cinco segundos de reflexão. Paulo Gorjão refere o caso de Rui Rio e a sua imagem do barquinho a remos perdido na tempestade. No mesmo dia desta declaração, Manuela Ferreira Leite defendia na TVI o programa cautelar e “demonstrava” como este seria muito mais barato do que a saída à irlandesa.
Assim, temos as contas já feitas, embora ninguém saiba ao certo o que é o programa cautelar. Conhecemos a ideia geral de um seguro equivalente a 10% do PIB, empréstimo sujeito a condições desconhecidas (de certeza, pouco suaves). O cautelar não está previsto nos Tratados Europeus e, portanto, tem de ser ratificado por todos os Estados-membros. Mesmo que seja negociado e aprovado em Conselho Europeu, não está garantido, pois a Finlândia ou a Estónia (ou outro parceiro) podem decidir chumbar. Também não se sabe se o FMI participa. Aliás, não se sabe nada disto pela simples razão das negociações não terem ainda começado.
A Irlanda preferiu sair do programa de ajustamento sem ajuda externa precisamente por não conhecer todos os elementos de um eventual programa cautelar. Na altura, o ministro das Finanças irlandês reconheceu que havia certa confusão nas intenções dos credores e, pela leitura das suas afirmações, fiquei com a sensação de que os irlandeses foram amavelmente convidados a prescindir de mais auxílio. E a Irlanda está longe de parecer um barquinho a remos no meio da tempestade, sendo certo que ainda não chegaram os testes decisivos sobre a banca.
Em resumo, a política nacional voa baixinho. Parece triste ver estes ex-dirigentes sem informação privilegiada a fazerem afirmações peremptórias sobre assuntos indefinidos. A possibilidade de Portugal imitar a Irlanda deve parecer-lhes um autêntico pesadelo, pois afasta-os mais um bocado do poder.

publicado às 11:46


3 comentários

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De João Avelar a 01.02.2014 às 23:00

Muito bem dito. O que não vai agradar aos sapiens.
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De cristof a 02.02.2014 às 11:54

se a ideia dos "iluminados" é desacreditarem mais os politicos com afirmações bombasticas que poucos meses depois se mostram mentiras, têm sido muito eficazes. Eu perante tanta mentira já tenho asco dos palhaços que foram eleitos "alternativas" aos jotinhas que se passeiam em belos carros. Tristeza!
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De stp a 07.02.2014 às 01:32

O programa de que fala deveria ter umas noções básicas, para que não se ande a comparar ovos e espetos, que é faz quem compara o caso da Irlanda e de Portugal. O estado irlandês não faliu. A economia da Irlanda não tem um problema de competitividade. A Irlanda tem superavits na balança comercial que se elevaram de 2370 milhoes em 1990 para 42538 (sic)! A Irlanda teve um problema, já resolvido, do seus bancos.

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Autores

João Villalobos e Luís Naves