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Pedaços do mundo e grãos de areia
Ando demasiado disperso, a pensar em mil assuntos, a preocupar-me com temas acessórios, sobre os quais nada posso fazer. Uma voz interior diz-me para me focar na ficção, nomeadamente nos contos, mas estas linhas diárias são uma espécie de obrigação que não consigo evitar. A minha existência não tem interesse, seria impensável usar estes textos como confessionário, por isso a crónica escapa para a atualidade, à qual não se pode fugir por estamos certamente a atravessar alguns dos anos mais interessantes das nossas vidas. É assim desde a pandemia, o que se nota neste fragmentário, pois antes de 2020 tinha observações sobre a passagem do tempo e os elementos vagos da existência, usava a memória, mas depois do Covid isso tornou-se quase impossível. Para mais, ando obcecado com a política, leio furiosamente jornais estrangeiros e vou comparando as notícias com o que se extrai de informações acessíveis: nunca se mentiu de forma tão escandalosa. O poder está desesperado, a tapar o sol com a peneira, a tentar impedir uma nova ordem mundial, que emerge das ruínas da atual e não será liberal de maneira nenhuma.