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Civilização

por Luís Naves, em 05.03.15

A revista The Economist afirmava que, em 2020, 80% dos adultos terão um supercomputador no bolso, um smartphone. Este número traduz a extensão do processo a que chamamos globalização e que consiste numa vaga particularmente intensa de unificação da humanidade. Não há canto do mundo imune aos efeitos das tecnologias que caracterizam o nosso tempo. As pessoas de hoje inserem-se em redes complexas, onde se transmitem tremendas quantidades de informação. A internet transformou-se numa imensa biblioteca dominada por uma língua franca, o inglês, que talvez acabe por absorver partes de espanhol e mandarim. O mundo está a unir-se como nunca antes foi possível.

As paisagens urbanas de Blade Runner, o visionário filme dos anos 80, começam a ser comuns. Já não nos parece estranha a fusão de elementos asiáticos e ocidentais no interior de megacidades com profusão de estilos de arquitectura e de raças. A cultura contemporânea é mestiça e, vistos à distância, todos os processos são de junção, das raças à economia, da linguagem às obras de arte, da gastronomia ao comércio. Está a ser criada a primeira civilização perfeitamente global, onde se aglutinam valores dominantes comuns, e não seria espantoso que dentro de cem anos houvesse uma moeda única planetária, o embrião do governo mundial, até um sistema judicial idêntico para todos os humanos. Há esboços destes desenvolvimentos, sobretudo na União Europeia que, ao contrário do que muitos pensam, não está em declínio, mas será provavelmente o principal modelo político do futuro.

Claro que há movimentos fundamentalistas, sociedades em fragmentação, Estados falhados, tiranias e autoridade, crises capitalistas, demasiados países sem tolerância, mas trata-se de reacções à mudança, onde alguns grupos tentam travar o que consideram maléfico, contestando a ciência, o humanismo ocidental ou os direitos das mulheres. Estes esforços estão condenados ao fracasso, pois a democracia e a justiça, o consumo, a busca da felicidade ou o casamento romântico são ideias demasiado poderosas para que alguém as consiga arrumar de novo numa gaveta.

publicado às 19:51


1 comentário

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De saudacoesangolanas a 06.03.2015 às 12:00

O admirável mundo novo está em marcha, já nada impedirá a sua evolução.

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Autores

João Villalobos e Luís Naves