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Pedaços do mundo e grãos de areia
Se a literatura deve ser autêntica, então devíamos escrever sobre aquilo que sabemos. A autenticidade é um dos pontos, em oposição às rodinhas do meu bairro e outras tretas sentimentais. E, no entanto, a realidade não chega. Um livro de ficção, pelo menos no meu conceito (que é o melhor para mim), deve explorar a fantasia tanto quanto a memória, num equilíbrio que só cada um pode calcular. Julgo que este é o sentido da explicação incluída num diálogo de A Doida do Candal: o narrador (sempre o autor, CCB) explica o livro que acabámos de ler a uma das suas próprias personagens, a qual lhe pergunta se as histórias dos seus romances aconteceram mesmo. «É tudo verdadeiro, minha senhora», responde o escritor, «uns casos aconteceram, outros podiam acontecer; e logo que podiam, é quase evidente que aconteceram».