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Pedaços do mundo e grãos de areia
Memórias são velhas fotografias
sépia pálido e formas indecisas
Anos seguem-se a meses e a dias
Histórias desfazem-se, imprecisas.
Pouco sei destes rostos desconhecidos
Dos devaneios difusos e perdidos
Do que fizeram, de quem amaram
Das utopias que não restaram.
Nas imagens de brilho intenso
A verdade respira na penumbra
O tempo prolonga-se, imenso
E o que perturba também deslumbra.
Haleto de prata depositado
Na desordem do postal rasgado
E há o mistério da identidade:
Como eram eles de verdade?
Sei que riram e sofreram
Sentiram ódio e amizade
O seu mundo foi o que viveram
Tiveram nostalgia e saudade.
Presos em limiares decadentes
Baralham-se recordações de parentes
Resistem na margem do esquecimento
E morrem em papel amarelento.
De mim, quem vier dirá um dia
Que existi como eles também
Não mais do que uma fotografia
A sombra passageira de alguém.
O que fomos será um sonho breve
Ligeiro sopro, miragem leve
Parando o que antes fluía
Olhe para a câmara e sorria.
(Variação em verso do tema de outro post mais abaixo)