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Pedaços do mundo e grãos de areia
Passos Coelho tem a sorte de ser subestimado pelos adversários. Ontem nas televisões algumas reacções à entrevista do primeiro-ministro estiveram próximas do desespero histérico, sobretudo de figuras do PSD que contavam poder derrubar o governo nos próximos meses e forçar eleições antecipadas em Junho.
O programa cautelar dura um ano e equivale a um empréstimo, que pode ou não ser utilizado, equivalente a 10% do PIB, ou seja, no máximo 16 mil milhões de euros. Na entrevista, o primeiro-ministro foi relativamente claro: o PS não tem margem de manobra na assinatura desse programa cautelar; se a oposição exigir eleições antecipadas em troca da sua assinatura, o governo dirá não; por outro lado, o PS não pode ficar fora do processo, ou no final do programa todos os méritos irão exclusivamente para PSD e CDS; se a troika exigir a assinatura do PS em troca do programa cautelar, o governo pode dar-se ao luxo de dizer não, arriscando uma saída à irlandesa. Só o segundo resgate fará cair este governo e o segundo resgate parece cada vez menos provável.
O programa cautelar implica assim o prolongamento da vida do governo de Passos Coelho até 2015, quando já houver suficientes boas notícias económicas para reclamar que os sacrifícios valeram a pena. O PS terá tempo para mudar de liderança e a actual liderança do PSD terá tempo para sobreviver até um momento eleitoral que lhe será muito mais favorável.