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Pedaços do mundo e grãos de areia
Foi talvez um sonho ou uma daquelas divagações hipnóticas que nos embalam quando estamos na fronteira da realidade, não sei dizer ao certo, vi aquele cavalheiro de aspecto antigo, numa conhecida praça da nossa cidade, porventura viajante de outro tempo ou de um universo paralelo. A figura melancólica sabia, com as certezas só possíveis nos sonhos, que era a sua derradeira visita àquele lugar que tantas vezes pisara. O homem estava no fim de vida: na praça com estátua haveria, a partir daí, multidões sempre renovadas de gente desconhecida e diferente; pessoas com ideias novas, com outra mentalidade, na mesma exacta paisagem de prédios tristes. Já aqui não estarei, pensou, nesse mundo renovado e esquecido da minha existência, onde de meu não haverá sequer uma sombra. Depois, acordei, sem saber o que lhe aconteceu.