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O mundo em 2075

por Luís Naves, em 19.07.23

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A empresa Goldman Sachs fez umas projecções sobre a economia mundial até 2075 e pode dizer-se que o panorama não é animador para os países ocidentais. Admitindo que os alinhamentos políticos se mantêm, o G7 será um grupo sem significado em 2075. A aliança dos BRICS terá um PIB real a rondar 125 biliões de dólares, enquanto o G7 pouco passará dos 82 biliões de dólares (não entram nas contas Canadá, Itália e África do Sul, por não estarem entre os 15 maiores do mundo). As sete maiores economias terão apenas um país que pertence ao actual G7, os EUA, com medalha de bronze.

A União Europeia tenderá a desaparecer: a Alemanha tem hoje a quarta maior economia do mundo; em 2075, terá a nona maior. A França passa do sétimo lugar para o décimo quinto. Segundo estes dados, a China lidera a partir de meados da década de 30 e a Índia na de 80.

Isto são projecções. O destino das nações não é uma ciência exacta, tudo pode ser diferente, mas julgo que assistimos já a esta erosão da supremacia ocidental. O produto interno é apenas um indicador e não nos diz tudo sobre o verdadeiro desenvolvimento dos países ou o grau de felicidade e segurança das populações.

Se admitirmos estes números e olharmos com distanciamento para a História, percebemos melhor que o declínio ocidental é recente. Os impérios europeus de 1914 controlavam o mundo, tinham o domínio absoluto sobre populações mais numerosas, sobre os recursos de todos os continentes, criavam as inovações e a cultura, tomavam as decisões essenciais e prosperavam sem dificuldade.

Aquele sistema podia ter sobrevivido séculos. A sua fragilidade vinha das lideranças medíocres que levaram esses impérios a uma guerra insensata, onde todos perderam. A Europa nunca recuperou dos extremismos, das divisões e dos conflitos. Duas vezes devastada, reergueu-se num estado de velhice sem sabedoria.

Nas rivalidades contemporâneas surgem as potências emergentes que no passado o Ocidente humilhou. China e Índia serão dois colossos económicos no próximo meio século, talvez em rota de colisão, talvez numa aproximação hoje improvável. Podemos ver outras alianças em formação: América do Sul, por exemplo; ou uma cooperação entre Egipto, Arábia Saudita, Turquia, Irão e Etiópia; ainda a hipótese que junta China, Rússia e Indonésia.

Só não vemos as outras possibilidades por falta de imaginação. Ninguém em 1914 podia conceber que, 47 anos depois, haveria um soviético em órbita do planeta (um quê???), e 55 anos depois, americanos a caminhar na Lua.

imagem, IA, Night Café SDXL 0.9

publicado às 19:08


Autores

João Villalobos e Luís Naves