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Purga na Turquia

por Luís Naves, em 21.07.16

O presidente Recep Erdogan desencadeou uma vasta purga nas forças armadas, no sistema de ensino, no sistema judicial e nos meios de comunicação. O número de detenções e demissões já ultrapassou 50 mil. O Presidente turco está a eliminar a facção gulenista do movimento islâmico e desistiu de vez de uma hipotética adesão à Europa. Após anos de avanços tímidos e recuos abruptos, as negociações visando a possível adesão da Turquia à UE estão definitivamente enterradas. A partir de agora, o regime turco não tem de fingir que é moderno, democrático e tolerante, pode largar todos os seus instintos autoritários. Os islamitas radicais não têm lugar nesta visão, mas a república secular também não será bem-vinda. Haverá partidos, eleições, mas nenhuma vontade de seguir o modelo europeu de democracia liberal. A Turquia é demasiado grande para entrar na União Europeia e Erdogan percebeu que o seu país jamais seria aceite no clube. Refira-se que o Presidente possui um trunfo precioso: o Ocidente precisa da Turquia. Os americanos não podem hostilizar o seu maior aliado na região (depois de Israel) e os europeus terão de continuar a falar com juízo e jeitinho, pois o sultão pode abrir subitamente a torneira dos refugiados sírios.

publicado às 11:24


Autores

João Villalobos e Luís Naves