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Equívocos do Brexit

por Luís Naves, em 21.02.16

O referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia promete ser um evento dramático e perigoso. Da luta pela liderança no Partido Conservador pode resultar uma crise política interna. Por isso, vamos ouvir argumentos tontos, emotivos, parciais e demagógicos, mas o maior risco é de que a campanha se transforme numa simplificação exagerada da complexa relação entre Reino Unido e União Europeia, levando o eleitorado britânico, geralmente lúcido, a dar um improvável tiro no pé.

O Brexit é uma perspectiva de pesadelo que introduz incertezas económicas para o Reino Unido e que teria um impacto devastador na economia europeia. Fora da UE, o Reino Unido teria menos comércio externo, uma moeda mais fraca, uma praça financeira mais irrelevante, e seria uma potência mundial de segunda classe. Os defensores da saída usam argumentos vagos e dizem que o Reino Unido pode permanecer no mercado único (ninguém será tão louco para dizer que isso não interessa), mas a ideia não passa de uma ilusão, pois Londres teria de aceitar a legislação comunitária sem participar na sua definição, situação bem pior do que a existente. A alternativa, não aceitar a legislação da UE, equivale a dizer que se está fora do mercado único. A Escócia aproveitava para sair do Reino Unido e Londres teria de negociar uma rede de novos tratados comerciais com dezenas de países, dos quais beneficia por pertencer à UE. As complicações legais seriam assombrosas, por exemplo, para os dois milhões de britânicos que vivem em países da União Europeia e cujos interesses não podiam ser negociados caso a caso.

publicado às 17:29


Autores

João Villalobos e Luís Naves