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Cuidado com o que prometes

por Luís Naves, em 21.03.15

As promessas políticas deviam ser para levar a sério e não deixa de ser estranho o exemplo de Benjamin Netanyahu, vencedor das eleições israelitas, que na semana anterior à votação prometeu que com ele à frente do governo não haveria uma solução de dois Estados no conflito israelo-palestiniano. A promessa, incompatível com a política americana na região, durou poucos dias e o primeiro-ministro israelita tenta agora explicar as suas contradições, talvez com a intenção de influenciar a eleição de um presidente americano mais favorável à sua linha dura. Quebrar uma promessa política é a forma mais certa de se perder credibilidade, como bem sabiam os imperadores romanos. Conta-se que em 272 Aureliano marchou no Médio Oriente à frente de um exército que pretendia sufocar a rebelião de Palmira liderada pela belíssima rainha Zenóbia. O imperador foi confrontado com a imprevista resistência da importante cidade de Tiana, que não lhe abriu as portas; muito irritado, prometeu à frente dos soldados que não deixaria ali um único cão vivo. O cerco durou pouco tempo e os romanos tiveram a ajuda de um traidor que facilitou a conquista, mas em vez de mandar matar todos os cidadãos de Tiana, como se depreendia das suas palavras, o imperador precisava de uma solução diferente, pois a cidade era romana e a sua destruição iria enfraquecer o império. Por outro lado, havia a promessa, proferida em voz alta, de não deixar um único cão vivo. No final, o imperador mandou matar o traidor que lhe abrira as portas, mas não permitiu que as suas tropas saqueassem Tiana e massacrassem os habitantes; em vez disso, conta-se que Aureliano ordenou aos soldados que não deixassem um único cão vivo.

publicado às 18:48


Autores

João Villalobos e Luís Naves