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Gotham

por Luís Naves, em 09.12.14

Nos primeiros episódios da série de televisão Gotham é recriado o universo de Batman, mas antes desta personagem ser adulta. A cidade imaginária (o nome gótico é magnífico) parece Nova Iorque, mas deformada e turva, dominada pela corrupção e pelo crime organizado, numa espécie de luta exacerbada entre o bem e o mal ou numa fantasia de capitalismo selvagem onde grandes corporações se impõem no pântano da ganância. A arte nunca é politicamente neutra e aqui coexistem várias ideias extremistas, da legitimação da violência sem justiça ao anti-capitalismo primário, passando pela noção populista de que toda a política é iminentemente corrupta. Na galeria de personagens encontramos um desfile de psicopatas e outros alucinados sem pinga de humanidade. Por vezes, são mesmo caricaturas de seres humanos, com referências animalescas pelo meio. E, no entanto, com toda esta ideologia e perversidade, a série tem carisma. A violência extrema torna-se kitsch e até previsível. As personagens têm qualquer coisa de infantil e, por vezes, surgem grandes frases. Don Falcone dizia, a certo ponto, que “não se pode ter crime organizado sem lei e ordem”. Uma cidade não conseguiria ter a dimensão de Gotham se tudo fosse apenas falhanço institucional.

publicado às 19:29


Autores

João Villalobos e Luís Naves