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Homem contemporâneo

por Luís Naves, em 04.12.14

Num livro velhinho, escrito há 60 anos, com ensaios sobre o homem contemporâneo, encontro ideias que muitos autores repetem ainda hoje sobre esse homem contemporâneo, pelos vistos sempre muito igual a si próprio. A degradação dos valores num mundo pós-ideológico, a demografia desfavorável, a emancipação da mulher, a degradação da arte, a mitificação de um passado olhado com saudade. Havia outras ideias, mas não tirei notas e a leitura foi superficial. Esqueci-me de alguns elementos, mas segundo me pareceu constavam no texto certa relutância à ciência e a crítica aos sistemas colectivistas. A escrita era pomposa, como ainda hoje é, o tom bastante pessimista e as sentenças definitivas, o que confere. No fundo, não mudámos muito: um país periférico e provinciano espanta-se imenso com as mudanças deste mundo insaciável, cuja complexidade assusta. O que terá entretanto mudado? Existe talvez a noção mais exacta da pequenez universal dos humanos, da sua frustração e consciência do fracasso, a insatisfação com as meias-tintas em que se transformou a política, a preocupação com as injustiças da ordem internacional, o carácter incerto e precário da civilização financeira. Há também qualquer coisa de hipócrita naquilo a que chamamos realidade, enquanto se fragmentam todas as causas e se diluem as ideias novas num imenso ruído.

publicado às 19:05



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