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Sobre o tempo

por Luís Naves, em 24.11.14

Em Interstellar, de Christopher Nolan, pode estar a chave da futura Hollywood, com um regresso à velha tradição de contar histórias verosímeis e originais, sem parafernália visual que não esteja estritamente ligada à eficácia narrativa. Este é um exemplar da melhor ficção científica dos últimos anos, liberta do terror que contaminava o género e com reflexões interessantes sobre os problemas ambientais da humanidade, a exploração espacial e o tecido do cosmos. Apesar de ser invulgarmente extenso, o filme tem ritmo, personagens ricas, um argumento inteligente e sólido, poucas cenas com lamechice, até humor. Nolan criou um clássico, o que se pode definir como um filme que transcende a sua época e resiste ao tempo, que é aliás um dos temas centrais. A marca clássica está impressa no rigor científico, por exemplo, no silêncio que acompanha as imagens sem atmosfera, mas também no fio de histórias inseridas na narrativa. Interessou-me em particular a poderosa cena das ondas gigantes: os heróis pousam num planeta sob o efeito da gravidade de um buraco negro e permanecem ali quase três horas, passando 23 anos no local, devido à distorção da relatividade. Os destroços da expedição anterior, que partira anos antes, estavam ainda juntos, pois o tempo também se alongara para esta expedição e, do ponto de vista do universo onde o relógio andava mais devagar, a catástrofe era recente e ocorrera há uma hora.

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publicado às 11:07



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