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Expressionismo

por Luís Naves, em 23.11.14

Existe a crítica do gosto, que parece dominante e privilegia determinado tipo de romance, mas a arte contemporânea é caracterizada pela diversidade de estilos. Depois de uma geração que levou ao extremo a necessidade de fazer experiências com novas formas e linguagens, não fará sentido insistir na mesma tecla, por isso muito escritores aproveitam a ampla liberdade das sociedades avançadas para sair desses labirintos obscuros e regressar a uma aparente simplicidade, onde o conteúdo, a situação, as personagens, a intenção política ganham importância que não tinham nos projectos mais abstractos.

Muito do que se escreve parece ser expressionista, lemos sobre realidades distorcidas, brutais e falsamente jornalísticas. O mundo raramente é o que parece: ele emerge das nossas observações, mas estas estão contaminadas pela inconsistência do ponto de vista; acima de tudo, a realidade é feita com a imaginação e incorpora as nossas memórias, incluindo todas as falsas memórias. O sonho, tratado como vivência, faz parte do que existe, embora seja essencialmente falso. Sendo a realidade também produto da nossa fantasia, a literatura contemporânea habituou-se a questionar o real, explorando a incerteza e a ambiguidade, juntando-lhe o género, o passado, a imaginação, propondo-se assim um romance com aspecto superficial antiquado e falsamente realista, onde provavelmente nada é verdadeiro, ou talvez seja.

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publicado às 13:08



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