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Cabazada de realidade

por Luís Naves, em 09.07.14

Os portugueses defendem partidos fortes, mas não estão dispostos a participar neles; querem uma sociedade civil pujante, mas ficam sentados à espera que ela apareça; queixam-se da política, mas não gostam de chatices, excepto no caso de subida rápida. As pessoas exigem serviços públicos impecáveis, mas têm dúvidas sobre a ideia de pagar impostos; querem a comunidade segura, mas não lhes importa a do vizinho; e o atendimento tem de ser perfeito, mesmo quando não se paga. A cultura será gratuita; os artistas são maus, sobretudo quando não são conhecidos lá fora; e os escritores não podem ser incómodos, pelo contrário, devem limitar-se a afirmações fofinhas e politicamente correctas.

A elite de pessimistas na imprensa e blogosfera pensa que os governantes e os partidos seriam perfeitos se fossem outros, mas nenhum destes autores se interroga como se faz uma democracia sem partidos. Quando aparece um novo, como aconteceu recentemente, os mesmos observadores escrevem, nos seus sofás, que estas iniciativas dividem e estão longe do ideal. Ainda não era bem isto.

Os políticos mais citados são os que estão nas alas, à espera de oportunidade, enquanto aproveitam para marcar posição sentada e fazer corajosas críticas à governação, típicas de quem nunca se chegou à frente. Quando alguém tenta ser líder, lá está uma nova divisão. E se o poder não é entregue de mão-beijada, ai, ai.

publicado às 13:15



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