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Navegações

por Luís Naves, em 03.03.14

Convém por estes dias ler José Milhazes e o seu blogue Da Rússia, com muita informação interessante sobre o conflito na Ucrânia, mas na blogosfera há outros autores lúcidos a escrever sobre o tema.

Destaco estes dois notáveis artigos de Francisco Seixas da Costa, aqui e aqui, em Duas ou Três Coisas. O autor sublinha a complexidade da situação e faz um alerta contra interpretações apressadas.

Por falar em interpretações apressadas, deixo este pequeno post de Sérgio Almeida Correia, em Delito de Opinião. Ialta deixou de fazer sentido a partir do fim da URSS e da Queda do Muro de Berlim; de outra forma, Varsóvia e Budapeste ainda fariam parte do bloco soviético. É precisamente por este já não existir que temos uma nova ordem mundial, que já somou 25 anos.

Também em Delito de Opinião, há dois posts de Pedro Correia, um com informação útil, aqui, e outro com uma boa observação, aqui; tem alguns dias, mas mantêm a actualidade.

Paulo Gorjão, em Bloguítica, escreve sobre uma evidente fragilidade estratégica da Rússia.

E Rui Bebiano, em A Terceira Noite, assina um brilhante texto de opinião.

Em resumo, a blogosfera está a dar cinco a zero à imprensa.

 

 

publicado às 18:12

Outros tempos

por Luís Naves, em 03.03.14

Alguns textos de opinião que tenho lido sobre a crise ucraniana mostram como a nossa imprensa se tornou provinciana, após anos de dedicação a pequenos escândalos triviais. Fazendo elaborados paralelos históricos, um autor definia como "nacionalista jugoslavo" o homem que matou em Sarajevo o arquiduque Francisco Fernando da Áustria-Hungria (parei a leitura naquele ponto). Outros autores, numa estranha lógica, culpam a Alemanha ou a Europa pela crise. Nos blogues, há sobretudo quem descreva os ucranianos como “escumalha fascista”, terminando a prosa com hinos ao glorioso exército vermelho. Há ainda o culpado Barack Obama, por inacção (devia enviar porta-aviões para o Mar Negro).
O contexto histórico é importante nos conflitos, mas facilmente se cede à tentação de ver nos protagonistas autómatos que obedecem de forma cega aos fantasmas do passado. A Rússia está a ter um comportamento anacrónico, talvez tenha cometido um erro, mas as coincidências deste caso com a crise de 1914 resumem-se a dois algarismos. O único império com tiques do século XIX é mesmo a Rússia e não existem alianças que permitam um conflito ou o entusiasmo popular por uma luta. As analogias com a Grande Guerra são exercícios intelectuais que apenas ajudam a ver as diferenças.

Apesar da Rússia, vivemos numa Era pós-imperial que corresponde a outro tempo. O mundo é hoje dominado pela finança e a nova vaga de globalização aumentou a interdependência económica dos países. Os media e a alfabetização provocaram uma transformação radical das mentalidades. A informação circula de forma global e as pessoas sabem o que se passa nos países vizinhos e, acima de tudo, o cidadão comum tem uma educação mais sofisticada, que lhe permite interpretar a informação. Se a Rússia conseguisse ocupar toda a Ucrânia, o descontentamento dos súbditos impediria qualquer controlo efectivo do país conquistado. A queda do Muro de Berlim teve esta causa, os regimes comunistas eram patéticos e as pessoas queriam liberdade e desenvolvimento.

 

publicado às 12:52



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