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Os pessimistas (3)

por Luís Naves, em 16.09.13

3
O problema das divisões internas sobre matéria de estratégia orçamental é sério e está na origem da anterior crise política. Há duas teses principais, uma que defende a negociação com a troika da flexibilização das metas do défice e outra que pretende a manutenção do rumo, mesmo que isso signifique recessão mais funda.
O dilema é difícil e a troika deverá mostrar-se pouco flexível na sua resolução, pois os mercados acreditam que a dívida pública portuguesa já ultrapassou o nível da sustentabilidade, rondando agora 130% do PIB e a subir. Num reflexo desta luta política (que dura desde 2011), as taxas de juro da dívida continuam a aumentar, agora em níveis bem acima dos 7%. Com a crise de Julho, foi interrompido um ciclo favorável de descida das taxas. Por momentos, houve a esperança de que o País poderia mesmo regressar aos mercados, mas de súbito estamos outra vez a afastar-nos da Irlanda e mais próximos da Grécia. Quando esta pedir o terceiro resgate ou o segundo perdão da dívida, as pressões internas para Portugal fazer o mesmo serão insustentáveis. Uma pequena deixa pessimista: provavelmente, vamos aproximar-nos ainda mais da Grécia.
Julgo que na opinião pública portuguesa foi criada uma ideia falsa de que a austeridade é um fim em si e não um meio para tirar o País da crise. O Governo revelou total incapacidade para desfazer o mito.
Portugal tem problemas crónicos de desequilíbrio de contas públicas que só resolverá se reduzir a despesa do Estado de forma permanente em cerca de 5 mil milhões de euros. Falta fazer este esforço, o mais doloroso até agora, equivalente a um quarto do ajustamento que já foi realizado. Também podemos aumentar impostos ou não cumprir o programa da troika e sair do euro. Morrer na praia, portanto.

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publicado às 12:54


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Autores

João Villalobos e Luís Naves