Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]




O medo dos bárbaros

por Luís Naves, em 30.04.15

Temos pena dos pobres, até enfrentarmos um verdadeiro pobre. A miséria não é para sentir ou cheirar, é para admirar à distância, como se observa a diversidade no jardim zoológico, lugar de exibição que apenas serve para confirmar a superioridade da nossa própria espécie. Não gostamos da realidade, apenas da irrealidade. Os bárbaros são os diferentes; nós somos os indiferentes. Amontoamos belas palavras sobre a dor das vítimas, a inépcia dos desadaptados, mas queremos os nossos direitos e ficamos espantados quando os miseráveis não se levantam da sua miséria. Assisti ontem a uma cena interessante, mas sem moral ou sentido do qual se possa tirar uma conclusão: um pedinte mal-cheiroso estendia a mão ao fundo das escadas da boca do metro, abrigado da chuva miudinha. A funcionária do metropolitano veio imediatamente e mandou-o sair dali. Que fosse estender a mão à chuva. Na véspera, aquela mesma funcionária estivera em greve, a defender os seus direitos.

publicado às 11:43


Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.



Autores

João Villalobos e Luís Naves