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Pedaços do mundo e grãos de areia
A maior consequência da saída do Reino Unido da União Europeia não será um colapso do comércio ou uma recessão. Londres estava fora da moeda única e, por isso, já estava fora da união, pois a única maneira de manter a prazo a estabilidade da moeda comum europeia será aprofundar as instituições políticas que a regulam (quem paga as contas tem de ter uma maneira de controlar as decisões). O orçamento comunitário vai crescer a prazo, pelo que haverá impostos europeus; existirá um poder transnacional com capacidade para forçar um país a fazer reformas estruturais impopulares; um acordo entre franceses e alemães será imparável; um país que não cumpra as regras terá de ser afastado do euro e lançado para o patamar de comércio livre dominado por Londres (a EFTA reanimada), embora neste ponto exista um problema, pois se a saída for demasiado fácil não fica ninguém na moeda comum. Enfim, acabou a fase de bom senso, que visava criar uma aliança de nações e um mercado único, e começa a erguer-se uma federação burocrática, que pela sua natureza terá de reprimir todos os nacionalismos, menos o francês e o alemão.