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Pedaços do mundo e grãos de areia
A situação complica-se em França. O candidato republicano François Fillon continua em queda nas sondagens e parece mais longe de passar à segunda volta, quase garantindo que na corrida final estarão Marine Le Pen e Emmanuel Macron: a primeira é uma populista de extrema-direita, o segundo um político jovem e nunca antes testado, cuja maior glória é uma lei laboral que grande parte da esquerda contestou. A eventual vitória de Le Pen será o fim da União Europeia tal como a conhecemos; se Macron vencer, será preciso que ganhe também as legislativas de Junho, algo difícil para quem não dispõe de máquina partidária. Não estou a ver os eleitores comunistas ou da esquerda radical a votarem facilmente num candidato com discurso neoliberal puro e muita retórica à maneira de Obama, apoiado pelas elites financeiras do país e pelos meios de comunicação tradicionais. Le Pen não precisa de ser eleita para o Eliseu, basta-lhe ter mais de 40% na segunda volta para fazer tremer todo o sistema: depois, a líder da Frente Nacional tentará segurar esta votação para as legislativas, sabendo que dificilmente Macron terá o mesmo êxito, pois muitos dos seus eleitores votarão em candidatos republicanos ou socialistas, em muitos dos combates a três nos círculos uninominais. A partir de certo patamar, os cordões sanitários já não funcionam.