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Excerto de alguma coisa

por Luís Naves, em 02.05.17

Pensei nestas impressões como se pertencessem ao passado ou talvez não existissem como as imaginava, mas de outra forma, com a mesma crueza, sem que fizessem parte das recordações acumuladas. Lisboa é uma cidade de cores fortes e tem uma luz que faz inclusivamente doer a vista, criando sombras densas no interior dos prédios soturnos, onde sentimos o cheiro a mofo. Se passarmos pelas traseiras, veremos igualmente a podridão, ninhos de ratos, hortas selvagens. Na paz precária das habitações, há desempregados, idosos, mulheres de vida fácil, desocupados sem rumo, malandros sem destino e alguns malucos sem dinheiro para medicamentos. Tudo igual a qualquer outra rua de uma cidade moribunda: poucas crianças, tipos divorciados e velhos sozinhos; vidas de merda, confusas ou assim-assim.

publicado às 16:02



Autores

João Villalobos e Luís Naves