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O cabaz de Natal

por Luís Naves, em 23.12.13

O Estado tornou-se mais débil e os pilares tradicionais da nossa sociedade têm enfraquecido. As pessoas estão a abandonar a religião e as famílias são hoje pequenos resumos daquilo que foram no passado. Em tempos difíceis devia aumentar o altruísmo, mas vemos sobretudo sinais de consumismo e de intolerância.
Uma empresa ofereceu um cabaz de Natal a um desempregado e logo um grupo de activistas foi exigir um cabaz para cada pessoa. Há quem odeie a “caridadezinha” e pense que a prenda para um deve ser para todos. E afirmam coisas destas sem se aperceberem da insensatez do que dizem: se eu oferecer a alguém que necessite tenho de oferecer o mesmo a toda a gente que necessita? A ideia é tão desvairada que só conseguiu que a empresa, que deu a um necessitado, deixe de dar a partir de agora.
O episódio é menor mas mostra a fragilidade da chamada sociedade civil. Ninguém acredita que a resposta para os seus problemas esteja nos partidos tradicionais ou na política do costume, mas também não estará nos gestos intransigentes de movimentos mal pensados. Que delirante problema pode existir na oferta de um cabaz de natal a um desempregado, mesmo do ponto de vista do mais fanático dos militantes?
No fundo, é visível entre nós o triunfo do egoísmo e da hipocrisia. Os egoistas e os hipócritas choram sempre por sacrifícios que não fazem, desdenham oportunidades que não estão ao seu alcance, falam em nome alheio e ficam satisfeitos com a própria estupidez. Neste caso, foram contra a caridade e ficam bem com outros, os do politicamente correcto que são geralmente incorrectos, os da ética que nunca a praticaram e os cheios de verdades inconsequentes que só dizem mentiras.

 


 

publicado às 11:42


1 comentário

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De José C. M. Velho a 23.12.2013 às 20:39

Este artigo está repleto de incongruências. Para começar dizer-se logo à cabeça que “o Estado se tornou mais débil e que os pilares da nossa sociedade têm enfraquecido” não só constitui uma falsidade como constitui uma falta de visão inteligente sobre a realidade. O Estado e os pilares tradicionais não estão enfraquecidos, estão diferentes e essa diferença só por si não tem que significar enfraquecimento, a não ser aos olhos de alguém do tempo da outra senhora que gostava de ter mão pesada sobre tudo e sobre todos. De seguida afirma que “as pessoas estão a abandonar a religião”, querendo com isto dizer que até neste aspeto se verifica o enfraquecimento mencionado, o que constitui novo erro e falsidade, pois é precisamente nesse abandono da religião que residirá uma evolução da Humanidade para um novo patamar sem o peso do pó e das trevas que se arrastam desde a ignorância pré-histórica com tais crenças em seres fantásticos, como os dragões, sejam eles terrestres ou extraterrestres. Afirma que “as famílias são hoje pequenos resumos daquilo que foram no passado”; mais uma afirmação vinda do fundo dos tempos da outra senhora; o autor do texto gostaria de continuar a ver aquelas grandes famílias oriundas das grandes mães parideiras e, como não vê isso hoje, pelo contrário, assiste à escalada social das mulheres, espantado, como se fossem homens e com eles concorrendo, como se fossem homens, tendo direitos iguais, como se fossem homens, é o desmoronar de todas as suas crenças e conceitos acimentados há muitos anos. Conclui o primeiro parágrafo afirmando que “em tempos difíceis devia aumentar o altruísmo mas vemos sobretudo sinais de consumismo e de intolerância” tal afirmação conclusiva constitui de novo um olhar errado sobre a realidade, uma vez que é sabido de todos o quão altruístas têm sido os portugueses, atingindo records de dádivas em todas as campanhas de solidariedade, refira-se como simples exemplo as do Banco Alimentar; os portugueses mesmo sem poder dar, ainda assim dão e se não dão mais é porque não podem. O facto do autor do artigo/blogue ter ido a um shopping e ter ficado impressionado com o consumismo que verificou não lhe dá o direito de generalizar e afirmar que os portugueses são consumistas, aliás e se o são nesta época, fazem-no com o claro propósito de dar; isto é, quando consomem como loucos estão a querer fazer alguém feliz, pois aquilo que compram não se destina a si próprio mas a outro a quem querem dar esse prazer.
Analisado o primeiro parágrafo só nos resta concluir que a deturpada visão desta mentalidade acimentada no passado não é capaz de realizar qualquer comentário mais sobre o Mundo, pelo que o que segue no artigo fica logo prejudicado por esta constatação. Ainda assim, vejamos: no resto do artigo relata a ocorrência do Pingo Doce em que numa ação inédita algumas pessoas acorreram a tal supermercado reclamando para si o mesmo tratamento que pomposamente se gabara o tal supermercado de haver realizado para com um indivíduo. Classifica tal ação como “ideia tão desvairada”, “gestos intransigentes de movimentos mal pensados”, para questionar: “Que delirante problema pode existir na oferta de um cabaz de Natal a um desempregado?” e, sem responder à questão, conclui que “no fundo, é visível entre nós o triunfo do egoísmo e da hipocrisia”. Esclarece de seguida que “Os egoístas e os hipócritas choram sempre por sacrifícios que não fazem, desdenham oportunidades que não estão ao seu alcance, falam em nome alheio e ficam satisfeitos com a própria estupidez. Neste caso, foram contra a caridade e ficam bem com outros, os do politicamente correto que são geralmente incorretos, os da ética que nunca a praticaram e os cheios de verdades inconsequentes que só dizem mentiras”, assim concluindo o artigo.
Deveria ter respondido à questão colocada e se o houvesse feito poderia ter-se apercebido que de facto não existe um problema mas vários na tal oferta do cabaz. Primeiro: o tal supermercado pretendeu retirar proveitos publicitários da sua aparente generosidade e esta aparente generosidade é falsa porque surgiu como reação da iniciativa do indivíduo que lá foi e não como iniciativa própria do supermercado. (atingido o limite de carateres, continua no comentário seguinte)...

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Autores

João Villalobos e Luís Naves