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Os pessimistas (1)

por Luís Naves, em 18.09.13

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O pessimismo militante dos nossos comentadores é um fenómeno bizarro que me tem fascinado nos últimos dois anos. Se existe um bom indicador, ele é fruto da propaganda do governo; se o indicador é mau, estamos perante uma desgraça que o comentador já anunciava desde pequenino. A cada novo episódio, entramos no domínio da profecia auto-confirmada. Segundo dizem, o País enfrenta abismos, está à beira de um colapso e sem qualquer saída do labirinto. O facto é que durante o mês de Agosto, quando comentadores e autores de blogues foram de férias, os portugueses puderam gozar o brilho do sol.
Julgo que este fenómeno ajuda a destruir a comunicação social portuguesa e alimenta a crise de valores em que nos encontramos. As pessoas deixam de comprar jornais, pois repetem-se textos delirantes sem semelhança com a realidade, escritos por autores bem pagos e que se instalaram comodamente num nicho onde não têm de prestar contas. Aliás, os próprios jornais esperam que os comentadores sejam suficientemente negativos e pintem a realidade com os tons sombrios do seu exagero. Eles acham que vendem mais assim. Quando alguém se atreve a escrever de forma positiva (há vozes lúcidas), logo surge o ferrete da propaganda e do frete político. Os optimistas são forçados a moderar-se, dando o essencial do espaço mediático aos que antecipam a tragédia imediata. As forças que nos empurram para baixo são poderosas e há uns tontos úteis que lhes dão mais ânimo.

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publicado às 12:56


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Autores

João Villalobos e Luís Naves